Lugar para usar a Internet, o Skype e redes sociais é na escola. Pelo menos para os 180 alunos da Escola Municipal André Urani, na Rocinha. Essa novas instalações do colégio-modelo pouco lembram as tradicionais salas de aula e já fazem parte do dia a dia dos alunos.
No lugar dos lápis e cadernos entraram os computadores e o acesso à web. O antigo quadro negro foi substituído por lousas inteligentes e as paredes que dividem salas. Até a matemática mudou. E ficou mais fácil: os problemas e as contas são resolvidos pelos notebooks, com animações e videoaulas da Educopédia.
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Localizada em uma das maiores comunidades do Rio de Janeiro, o colégio é parte do projeto Ginásio Experimental de Novas Tecnologias Educacionais (Gente) – uma parceria entre a Secretaria Municipal de Educação, o Ministério da Educação e a iniciativa privada. O modelo foi inspirado em outras instituições internacionais e é inédito na rede pública brasileira.
O colégio já existia com o método tradicional de ensino e há dois meses instalou a nova estrutura do sétimo ao nono ano do ensino fundamental. A escola-modelo também adotou o Skype e as redes sociais para completar as aulas. No local, os alunos têm acesso a professores que são cadastrados no sistema de ensino da Educopédia.

Grande parte dos alunos já estava familiarizada com as ferramentas, mas trazê-las para sala foi uma grande novidade. “A gente lê a questão e marca a resposta. Tudo no computador. Quando eu não entendo alguma coisa, eu mesma posso procurar na Internet por algum vídeo ou aula”, disse Mariana, aluna de 14 anos.
O papel do professor dentro de sala
Mesmo com toda a estrutura tecnológica, os professores não perdem seu papel. Dentro do colégio-modelo, eles funcionam como mentores, que não têm um plano de aula definido, mas acompanham o andamento de cada aluno dentro das tarefas. E passaram a ter um novo desafio: como ensinar os alunos a filtrar o que podem ou não acreditar nas páginas da web.
As lições partem sempre da Educopédia e, em seguida, os estudantes ficam livres para buscar na Internet assuntos relacionados. A autonomia, entretanto, não faz com que o espaço de escola se perca.

dos alunos (Foto: Luiza Cunha/TechTudo)
Do próprio computador, cada um dos professores sabe qual página os alunos acessam. “Nosso papel é fazer com que eles atinjam as metas, que são as antigas provas. Sempre deixamos eles livres para circular entre uma disciplina e outra, escolher Português e intercalar com lições de Geografia, por exemplo, mas precisamos ficar de olho”, explica Márcia que, antes de começar a trabalhar no colégio, dava aulas pelo método tradicional.
Assim com ela, os profissionais da Escola Municipal André Urani concordam que o formato antigo dos colégios está ultrapassado. Se a tecnologia facilita tantos processos no dia a dia, ela também precisa ser parte da rotina da escola. Para a professora, o processo ficou mais completo. “Em uma aula de Ciências, a gente fala de uma doença e as crianças procuram na Internet. Facilita muito. Antes ficávamos presos ao que víamos na apostila, mas agora eles mesmos podem procurar no Google sobre o que a gente está falando.”
Projeto completa dois meses
Ainda em fase experimental, o projeto completa apenas dois meses. Para o subsecretário de Novas Tecnologias na Secretaria Municipal de Educação, Rafael Parente, todos estão aprendendo juntos a lidar com a Internet dentro da sala de aula. “Foi preciso que todo mundo acreditasse. É um processo novo, então, estamos tentando juntos, nós, os alunos e os pais.”

O colégio fica dentro de uma das maiores comunidades do Rio de Janeiro, que tem mais de 100 mil habitantes. “Muitos responsáveis ainda não entendem muito bem o novo modelo ou ficaram até com medo. Vários não tiveram a oportunidade de estudar ou não estão de fato inseridos num contexto tecnológico, mas mesmo assim, a maioria topou arriscar junto com a gente. E tem funcionado muito bem.”
Os próximos passos são relacionados à expansão do método de ensino. A partir do ponto inicial, que era o uso da Internet e plataformas digitais para crianças próximas ao ensino médio, a direção do Gente pretende passar a atuar também nas primeiras séries do fundamental.
Rafael e a divisão de Novas Tecnologias estudam também parcerias para que a rede pública estadual, responsável pelos três últimos escolares, adote o sistema. “Queríamos começar de algum ponto e conseguimos. Agora queremos aumentar nosso alcance e evitar que os alunos saiam daqui e caiam numa sala de aula ‘normal’. Acho que ninguém ia gostar de voltar pra lá.”
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