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O primeiro sítio da WWW

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A coluna de hoje vai ser curta porque, dela, o que mais interessa não está nela, mas fora dela.

Parece estranho, bem sei, mas eu explico.

Nas últimas três colunas falamos sobre o nascimento e formação da Internet nos tempos da guerra fria para atender os interesses do Departamento de Defesa americano em manter um sistema de comunicações virtualmente indestrutível. Vimos como a estrutura acadêmica do país pôs mãos à obra e desenvolveu a ARPANet, a antecessora do que viria a ser a Internet, um sistema de transmissão de dados usando a comutação de pacotes através de uma estrutura anárquica, sem “troncos” e, por isso mesmo, impossível de bloquear. Comentamos até mesmo sua primeira transferência de dados, um simples “Lo” transmitido em 1969. E lembramos sua rápida evolução permitindo que o meio acadêmico trocasse trabalhos científicos, mensagens, notícias e discutisse, em grupos, assuntos de seu interesse.

Vimos ainda como, na medida que a estrutura se agigantava, mais difícil se tornava se orientar dentro dela mesmo fazendo uso de ferramentas criadas para facilitar a “navegação” do internauta, como o Gopher e congêneres.

E finalmente vimos como Tim Berners-Lee, um pesquisador da CERN, apoiando-se no conceito de hipertexto concebido por Vannevar Bush, resolveu brilhantemente este problema concebendo um sistema de “navegação” baseado em hipertexto que transferia pacotes usando seu próprio protocolo, o HTTP (“HyperText Transfer Protocol”).

Com isto ele permitiu criar uma “rede dentro da rede”, que ele mesmo batizou de “rede de alcance mundial”, ou World Wide Web.

Em agosto de 1991 a CERN anunciou no grupo de interesse “alt.hypertext” a existência do projeto e sua disponibilidade a quem se interessasse por ele, permitindo que a ferramenta fosse testada “em campo”. Com isto foram estabelecidos alguns nós experimentais principalmente na Europa e EUA (havia ainda um no Japão, outro na Austrália e poucos no Canadá), mas nenhum deles acessível pelo público em geral.

Projeto pronto e testado, em 30 de abril de 1993 – portanto há quase exatos vinte anos – a CERN publicou, na própria Internet, que punha à disposição de quem estivesse disposto a usá-la a tecnologia desenvolvida por sua equipe para criação, suporte e desenvolvimento da WWW (ou seja: as ferramentas necessárias para implementar e gerenciar um servidor Web, um programa navegador com funcionalidades básicas e uma biblioteca de código). Gratuitamente, é claro. O que permitiu que qualquer instituição, acadêmica ou não, que tivesse acesso à Internet, pudesse montar seu servidor web e criar seus próprios sítios.

Naquele exato momento nascia a WWW.

Estamos, portanto, comemorando seu vigésimo aniversário.

Veja, na Figura 1 (obtida no sítio da CERN), a imagem que encimava o anúncio publicado pela CERN no “Tagung Deutsches ForschungsNetz” (parte da rede nacional alemã para pesquisa e educação) juntamente com a divulgação pela Internet.

GPC20130620_1Figura 1: a WWW ao nascer (Foto: Reprodução)

Mas não faria sentido a CERN lançar a WWW sem criar um sítio especificamente a ela dedicado.

E, naturalmente, considerando que tudo aquilo se tratava de absoluta novidade, este sítio criado ao nascer da WEB – portanto, oficialmente, o primeiro sítio da web (“Web site”) da história – servia basicamente para explicar o que vinha a ser a Web, como usá-la e coisas que tais. Era uma espécie de FAQ (respostas a perguntas frequentes) sobre a WWW. Que, naturalmente, se tornou obsoleto e há muitos anos perdeu-se nas brumas do passado.

Ora, considerando seu valor histórico, perdê-lo seria uma lástima.

Pois bem: por isto mesmo, a CERN decidiu repô-lo no ar.

Diz ela em uma tradução livre de seu artigo “First URL active once more”: “Quando o primeiro sítio da web nasceu, era provavelmente muito solitário. E com tão pouca gente tendo acesso a programas navegadores – ou a servidores web onde pudessem publicar seu próprio conteúdo – naquela época era preciso ser um visionário com muita fé no futuro para perceber porque aquilo era tão emocionante. A equipe pioneira da WWW na CERN, liderada por Tim Berners-Lee, teve esta visão e fé. O próprio fato deles terem batizado sua tecnologia de rede “de alcance mundial” indica que eles sabiam que tinham em mãos algo especial, algo muito grande”.

E, de fato, tinham.

Em outro artigo da CERN, “Twenty years of a free, open web” publicado em 30/04 passado, vigésimo aniversário da WWW, Rolf Heuer, seu diretor geral, afirma: “Não há setor da sociedade que não tenha sido transformado pela invenção [da WWW]… Da pesquisa à educação e negócios a web tem reformulado os meios pelos quais nos comunicamos, trabalhamos, inovamos e vivemos. A web é um exemplo poderoso da forma pela qual a pesquisa básica pode beneficiar a humanidade”.

GPC20130620_2Figura 2: O primeiro sítio da Web

Pois bem, o tema desta coluna não é a WWW. É o ressurgimento de seu primeiro sítio. Cujo aspecto da página principal (“home”) aparece na figura 2, uma captura de tela feita por mim há alguns minutos.

Sim, porque o sítio voltou ao ar, e permanece com todo seu esplendor e valor histórico à disposição de quem desejar por ele navegar. Seu atalhos (“links”) são perfeitamente funcionais e um “passeio” por ele, além de prazeroso pela emoção de se navegar no primeiro sítio da web a ir ao ar, é extremamente ilustrativo.

Quer dar uma volta?

Bem, em geral eu “escondo” os URLs (ou endereços Internet) dos sítios, preferindo criar atalhos para eles. Mas, neste caso particular, isto seria um sacrilégio. Aqui vai o URL completo. Clique nele e viaje vinte anos para o passado:

< http://info.cern.ch/hypertext/WWW/TheProject.html> “World Wide Web.

Quer se distrair? Pois dê um passeio histórico. É como visitar o Parque dos Dinossauros, aquele do filme…

Depois conte para seus netos que você navegou no primeiro sítio da WWW.

Divirta-se

B. Piropo


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